Currículo

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Mostra Desejo Itália: OS ARTISTAS DE DESEJO

Mostra Desejo Itália: OS ARTISTAS DE DESEJO: "É grande a satisfação de apresentar os artistas que fazem parte da mostra DESEJO. São pintores,escultores,artistas visuais,fotógrafos vindos..."

É grande a satisfação de apresentar os artistas que fazem parte da mostra DESEJO.
São pintores,escultores,artistas visuais,fotógrafos vindos de várias partes do Brasil e um brasileiro que mora longe.
Cada um deles interpreta a idéia do desejo de forma singular e criativa.

  • ADRIANNE MORO - Paraná - pintura
  • DEMÉTRIUS COTTA-Minas Gerais - fotografia
  • FABRICIO CORREA - EUA - pintura
  • GINA ZANINI- Santa Catarina - arte visual
  • JANAÍNA BRIZOLLA- SAnta Catarina - fotografia digital
  • LUCIO VARGAS- Rio Grande do Sul - pintura
  • MACAU RANZANI -  São Paulo - arte digital
  • MAIRY NARVAES - São Paulo - fotografia
  • MARCELO BEJA- Espírito Santo - pintura
  • MARCIO CASAROTTI-São Paulo - fotografia digital
  • MARI BALDISSERA- Santa Catarina - fotografia
  • MARIA LUCIA MENDES GOBBI - Santa Catarina - pintura
  • PAULALYN CARVALHO- São Paulo - fotografia
  • ROSE CANAZZARO- São Paulo - pintura
  • RUBENS REIS - Rio de Janeiro - pintura
  • SANDRA HONORS -São Paulo - pintura
  • SANDRA REIS - Santa Catarina - fotografia
  • SONIA LOREN -Santa Catarina - fotografia
  • TITA SCHAMES- Rio Grande do Sul - escultura
  • VIVIANE BECKER - Santa Catarina - fotografia digital
DESEJO - MOSTRA DE ARTE ERÓTICA BRASILEIRA
4 A 18 DE DEZEMBRO 2010
LINEADARTE OFFICINA CREATIVA
Via San Domenico Soriano, 34
Napoli - Itália

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mostra Desejo Itália: Arte erótica através dos tempos









ADRIANNE MORO

http://adriannemoro.blogspot.com/

Mystique – ost



A figura feminina se apresenta com uma postura imponente, brinca de mostrar e esconder seu corpo. Exala sensualidade e desejo com sua expressão,com seus olhos fechados como se sonhasse acordada. Ela por si só representa quem deseja e ao mesmo tempo, o objeto de desejo, na espera de seu sonho se realizar.





DEMETRIUS COTTA

http://www.flickr.com/photos/nut-acao/

Inscrições de Eros sobre o corpo de Tânatos:fotografia

Tânatos , na mitologia grega, era a personificação da morte e Eros do amor.

O sentido da suposta sobreposição de Eros sobre Tânatos , em minha fotografia, deixa antever um estágio de afeição amorosa e um desejo do amor em triunfar sobre a inoxidável vontade da morte em destruir a sua existência. Nesse sentido Eros parte por sobre o corpo de Tânatos e o marca eternamente com signos eróticos, tatuados; normalmente atribuídos a ele (Eros).

O Tamborete do Voyer:fotografia

O ato de observar e chegar ao orgasmo durante a observação ou após, me inspirou a clicar nessa composição sugestiva ao ato semiótico de algo que está em substituição de outro. Assim esse velado voyerismo, registrado pela minha objetiva, retrata a rapidez que a semelhança pode nos impulsionar a um ato erótico.



FABRICIO CORREA

http://www.galeriaaberta.com/Fabricio%20Correa/Fabricio%20Correa.html

Nascimento de uma flor", acrílico sobre tela, 45.7 x 61cm, Fabricio Correa, 2010.

Quadro dedicado a minha filha Amelie Jeanette.

Minha inspiração surgiu da necessidade de vivenciar o amor de ser pai e a imensidão deste título.

As cores desempenham um papel crucial na celebração do momento:

O amarelo simboliza a ALEGRIA. A mãe e a terra grega GEIA alegre por conceber.

O vermelho representa o sensual como também o fogo que nutre as emoções humanas: o sexo, a volúpia, a paixão.

O negro traduz o corpo que antes habitava a escuridão.

A aura branca personifica a iluminação da mãe ao conceber.

A cor purpura/roxo simboliza o espiritual. E o falo de Urano (o Céu) que fecunda geia (A Terra), penetrando-a; como também simboliza o feto que nasce do mundo espiritual, purpura como uma flor-de-lis.

Os quatro elementos estão aqui representados, como se segue:

Geia - Terra;

Urano, Aura Branca - Ar;

Sexo, Volúpia, Paixão - Fogo;

Sangue - Água.





GINA ZANINI –

http://www.ginazanini.blogspot.com/

Isso não é um cachimbo - arte visual



“Os meus quadros são imagens visíveis que contém nada; elas evocam mistério e quando alguém vê um dos meus quadros, pergunta-se simplesmente: o que é que aquilo quer dizer? Não quer dizer nada, porque o mistério significa nada, é desconhecido. ”

Narcisismo? Não, apenas questionamentos de imagens que se repetem desde a hora que acordamos e lemos o jornal, aos out doors nas ruas, aos cartazes nas escolas, à TV, revistas... Imagens de corpos e marcas e símbolos que nos fazem consumir sem querermos, e não questionamos, apenas consumimos (mesmo que seja só com a retina).





JANAÍNA BRIZOLLA

http://www.istonaoeumafotografia.blogspot.com/



A maçã do desejo - fotografia

Uma personagem despida de fantasia cujo único pensamento é comer o fruto do pecado... a maçã do desejo.

Os prazeres sexuais são negados às mulheres desde o começo dos tempos seja através da religião ou pela fantasia do Príncipe Encantado que , apenas ele, lhe trará a permissão de gozar desses prazeres.

Depois de morder o fruto do pecado a personagem se liberta e pode realizar seus desejos antes proibidos.






LUCIO VARGAS

http://www.luciovargas.blogspot.com/

Pinturas

A primeira coisa que os trabalhos de Lúcio Vargas demonstram, é o desejo irreprimível de se expandir, de ir além das limitações impostas pela prisão geométrica das telas. Algumas pinturas, num corte, mostram detalhes de corpos, de amantes. São obras que estimulam o voyeur que existe em nós, a confortável posição de participantes passivos desses embates amorosos. Não são figuras apolíneas, algumas até grotescas; o pintor não está preocupado em cativar o espectador mostrando belezas institucionais, mas seres pulsantes de uma vida que parece lhes escapar e, então, frementes, se estreitam num abraço de desesperados. Nestas telas, sem intenção anedótica, há um conteúdo emocionado, fato visceral.








MACAU RANZANI

http://br.olhares.com/macauranzani

Arte digital

1-Êxtase Guerreiro:

“DESEJO que suspende o fôlego e arrebata os sentidos...

DESEJO que incendeia a alma e rouba o chão...

DESEJO de ser levada à loucura e saciada como mulher...

DESEJO que faz a guerreira quedar-se à paixão. ”

O que me impulsionou neste trabalho foi o desejo de transpor à tela, de forma tão realista quanto sutil, uma vulva inchada de excitação, diante da expectativa de um gozo fálico. A mão enluvada e crispada manifesta o talhe de uma mulher guerreira, enquanto a outra sugere sua doce aceitação.

No semblante em êxtase, o deleite do desejado clímax.

2-Dissoluta-luta:

Eterno apetite do amor,

Instinto de busca por prazer,

Querência que desperta a libido,

Enlaça e escraviza o ser.

Inspiraram-me mulheres mundanas, devassas ou não, que se deixam levar pela insaciável fome de prazer.

Entre elas, o objeto do desejo provocando contorções de ajuste à consecução de seu intento.







MAIRY NARVAES –

http://www.flickr.com/photos/mairynarvaes/

Desejo imortal - fotografia

A preparação para o amor.

Sentir-se desejada na manifestação plena da sua sensualidade.

Essas ideias são ,geralmente, associadas às mulheres jovens como se a transformação do corpo pela idade fosse uma força inexorável que determina a morte do desejo.

Mairy Narvaes e sua corajosa modelo, uma mulher na glória dos seus 80 anos, mostram que a idade não é nada mais que a passagem do tempo. A verdadeira força de desejar e se sentir desejada é imortal , a sexualidade humana não morre, depende apenas de cada um manter a chama viva cultivando-a a cada momento.



MARCELO BEJA

http://www.beja.com.br/

Pinturas

O simbolismo na obra de Marcelo Beja parece óbvio mas vai além de uma interpretação rasa e apressada.

Totens que parecem falos mas na verdade são a representação da ligação profunda das manifestações religiosas arcaicas com a sexualidade.

A imagem totêmica, tão importante no estudo da psique humana, está ligada ao início da formação do homem como indivíduo desejante submetido às leis da cultura ao qual está inserido e que lhe permitem um convívio criativo e satisfatório entre seus pares.



MARI BALDISSERA

http://grupochapeco.com/blog/docurapolida/

Alado - fotografias

Isso é o que desejo agora: o desejo livre ...alado ...sem paredes que o confinem.



MARIA LUCIA MENDES GOBBI

http://www.aprendizesdaarte.art.br/marialucia/index.html

Silenciar – pintura ost

Os sentimentos do encontro amoroso através de luz e sombras, sensualidade e força.

A cada momento pode acontecer uma verdadeira entrega trazendo dentro de nós, duas forças...yin/yang... independentes e indivisíveis.

Uma reflexão sobre o feminino e masculino como uma relação sagrada, única e bela.



PAULALYN CARVALHO

http://www.paulalyn.com.br/

Fotografias

A coisa mais difícil para um “artista”, se é assim que posso chamar, é explicar um processo criativo. Talvez porque, às vezes, ele não tenha explicação. Posso criar mil conceitos aqui e até ludibriar com essas palavras, mas não é isso que eu desejo.

O que eu desejo, como todo desejo, é que você queira. Queira olhar, tocar, sentir o cheiro e o sabor. Queira ouvir. E se essas imagens despertarem esse “quereres”, fez sentido e foi sentido.

Eu quis a cada montagem dos corpos, a cada espera pelo disparo, a cada segundo de mim em forma de CCD sensível exposto. Eu quis uma história esculpida com a luz do fogo e da lanterna.

Eu quero, ainda.



RUBENS REIS – pinturas

http://www.caleidoscopio.art.br/rubensreis/atelie.htm

Meu objetivo é mostrar que independente do momento, lugar ou situação mulher pode desenvolver naturalmente a sensualidade que existe dentro de cada uma, e que provoca desejo ao olhar daquele que a contempla. Busco dentro desta realidade, aguçar o poder da imaginação do público que a assiste, colocando diante dos seu olhos um trabalho com bastante riqueza nos detalhes, fazendo com que cada um desenvolva dentro de si um sentimento de acordo com aquilo que vê, em um cenário de sensualidade e erotismo.





SANDRA HONORS

http://telahonors.blogspot.com/

Artemis - pintura

A deusa representa a morte do desejo. Por ter matado seu amor ,Orion, por causa do ciúme de seu irmão Apolo, Artêmis se mantém virgem e implacável contra os apaixonados.

O mito fala das numerosas implicações do desejo e do amor.






SANDRA REIS

Fotografia

Doce paladar, 2010



Penso arte como uma pesquisa que move e sustenta a vida. Mesmo nos meandros da teoria e da academia ela existe em mim pelo que me faz sentir e pensar. Uma aliança do conhecimento com o sensível. Minhas propostas são fruto de uma caminhada na busca do fenômeno felicidade. Pensar o desejo foi gratificante, ainda mais por descobrir que quanto menos pensado e planejado, melhor é vivido e, porque não... compartilhado. Doce paladar é a vivência e descoberta do desejo.


SONIA LOREN – fotografia

http://www.flickr.com/photos/soniaflor/

O DESEJO DE OLHAR



"...o desejo do olhar do fotógrafo e o desejo do olhar de quem é fotografado...acredito que desnudamos a pessoa no momento em que é fotografada.

O que mais me atrai, me seduz, me desperta desejo em uma pessoa, é o olhar, a janela da alma.

Como modelo fotográfica sou muita tímida, e pude perceber essa timidez nas fotos, o que me dá a certeza de que realmente somos 'despidos' através da fotografia

Uma de minhas grandes paixões é a fotografia sobre isso Fernando Bopré falou que " o desejo passa pelos orifícios do nosso corpo, e que a janelinha da máquina fotográfica também é um orifício, por onde eu consigo brincar com meu desejo de fotografar...".



TITA SCHAMES

Esculturas bronze

http://gravuragaleria.blogspot.com/

As obras falam do amor pelo amor.

Através das mãos de uma mulher, casais se tornam vivos, despidos de problemas... uma única e tranquila manifestação do desejo.

São para os amantes que gozam do prazer de simplesmente amar.





VIVIANE BECKER

http://www.flickr.com/photos/vivianebecker/

Fotografia digital

A MULHER E O PODER TRANSFORMADOR DO FOGO



O ferro, símbolo de dureza, de obstinação, de rigor e de inflexibilidade se faz frágil, flexível e abnegado diante do fogo. O ferro é senhor das sombras e da noite, enquanto o fogo simboliza as paixões, o conhecimento intuitivo, “a purificação pela compreensão, até a mais espiritual de suas formas, pela luz e pela verdade [...]”. (DIES)

O homem é fogo, diz São Martinho: sua lei, como a de todos os fogos, é a de dissolver (seu invólucro) e unir-se ao manancial do qual está separado.

O meu trabalho descreve de forma subjetiva, como sendo a mulher, desnuda de seu invólucro (feminilidade) e unindo-se ao manancial do qual está separada, ou seja, o ofício inicialmente visto como masculino.










Fonte : http://www.mostradesejo.blogspot.com/



sábado, 28 de agosto de 2010

Flora






Flora, na mitologia romana, é uma ninfa das Ilhas Afortunadas. Esposa de Zéfiro e deusa das flores. Na Grécia  é chamada de Clóris.

Flora é a potência da natureza que faz florir as árvores e preside a “tudo que floresce”. A lenda pretende que Flora foi introduzida em Roma (tal como Fides) por Tito Tácito, juntamente com outras divindades sabinas. Era honrada quer por populações itálicas não latinas como latinas. Algumas populações sabinas tinham-lhe consagrado um mês, o correspondente a Abril do calendário romano.

Ovídio relacionava com o nome de Flora um Mito helênico, supondo que, na realidade, ela era uma ninfa grega denominada Clóris. Num dia de Primavera em que Flora errava pelos campos, o deus do vento, Zéfiro,, viu-a, apaixonou-se por ela e raptou-a. Desposou-a, em seguida, num casamento público. Zéfiro concedeu a Flora, como recompensa e por amor, o reinar sobre as flores, não só sobre as dos jardins como, também, sobre as dos campos cultivados. O mel é considerado como um dos presentes que Flora ofertou aos homens, tal como as sementes das inumeráveis variedades de flores. Ao narrar esta lenda, de que é talvez o inventor, Ovídio refere explicitamente o rapto de Orítia por Bóreas. Este rapto é, sem dúvida, o seu modelo, mas acrescenta-lhe um episódio singular; é Flora quem está na origem do nascimento de Marte. Juno, irritada com o nascimento de Minerva, saída espontaneamente da cabeça de Júpiter, quis conceber um filho sem o auxílio de um elemento masculino. Dirigiu-se a Flora, que lhe deu uma flor cujo simples contacto era suficiente para fecundar uma mulher. Foi assim que Juno, sem se unir a Júpiter, deu à luz o deus cujo nome é o do primeiro mês de Primavera.

Flora tinha um sacerdote particular em Roma, um dos doze flâmines menores, que eram considerados como instituídos por Numa. Celebravam-se em sua honra as Floralia, caracterizadas por jogos em que participavam as cortesãs.




fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Flora_(mitologia)







Fernando Pessoa usa Ilhas Afortunadas como título de um de seus poemas.



Que voz vem no som das ondas
Que não é a voz do mar?
E a voz de alguém que nos fala,
Mas que, se escutarmos, cala,
Por ter havido escutar.

E só se, meio dormindo,
Sem saber de ouvir ouvimos
Que ela nos diz a esperança
A que, como uma criança
Dormente, a dormir sorrimos.

São ilhas afortunadas
São terras sem ter lugar,
Onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos despertando
Cala a voz, e há só o mar.
(Fernando Pessoa)






DETALHES DE PRIMAVERA QUE SE DESTACAM:


1 - MERCÚRIOA representação de Botticelli de Mercúrio deve ter sido copiada de uma estátua de seu tempo, de Andrea Verrocchio, chamada Davi (1473-1475).


2 - DANÇANDOA habilidade que Botticelli tem para transmitir sensação de movimento é evidente. Se você olhar com atenção, vai parecer que elas, de fato, estão se mexendo.


3 - VÊNUSVênus ocupa o meio da pintura e está elegantemente vestida. Toda a ação da pintura gira em torno dela e o volume de sua barriga sugere que esteja grávida. A árvore que cresce atrás dela representa seu desejo sexual e a criança gerada no matrimônio.


4 - ZÉFIRO E CLÓRISO vento oeste, Zéfiro, sopra no rosto da Clóris. O abraço da criatura azul faz com que a ninfa se transforme em Flora, deusa da primavera. No momento de sua metamorfose, uma fileira de flores sai de sua boca.


IMAGEM - PRIMAVERA

Autor: Sandro Botticelli
Onde ver: Galeria Uffizi, Florença, Itália
Ano: 1480
Técnica: Têmpera sobre painel de madeira
Tamanho: 2,03cm x 3,14cm
Movimento: Renascimento

domingo, 1 de agosto de 2010

Maria




Leloup, Jean-Yves - Caminhos da Realização - Dos medos do Eu ao mergulho no ser.Pags 159-163 (sobre os arquétipos femininos).


Maria
Falar sobre Maria é mais difícil. Com a samaritana, com Maria Madalena nós temos alguma facilidade porque somos sensíveis à humanidade destas personagens. Nós podemos facilmente nos reconhecer nos arquétipos que elas representam. Os estados de consciência pelas quais elas passam não são desconhecidos para nós. A transformação e a evolução dos seus desejos, nós as encontramos em nossa própria transformação, em nossa própria evolução.

Com Maria, entra-se numa dimensão mais transpessoal, istoé, uma pessoa humana que viveu no espaço e no tempo, mas que manifesta uma certa qualidade de transparência à presença do Ser que habita e que vai ser gerado nela.

Na civilização cristã a Virgem Maria assegura a continuidade da Deusa-Mãe. Para algumas pessoas há uma certa fascinação e, para outros, uma certa repulsa. O investimento efetivo na relação com Maria é, freqüentemente muito forte. Alguns a fazem deusa, outros fazem dela uma pessoa que lhes impede de viver a sua feminilidade. Porque, na personagem de Maria, insiste-se sobretudo em sua virgindade e em sua maternidade. Sua dimensão propriamente feminina parece não ter existido. E algumas mulheres dirão que este fato foi o responsável pelo desprezo e, algumas vezes, desconfiança de tudo o que concerne à feminilidade, em sua dimensão sexual. Também, em certos meios feministas - por exemplo, no Ocidente - é muito duro falar da Virgem Maria.

Que interpretação davam sobre o assunto os antigos Terapeutas? Há interpretações religiosas e interpretações que apela para experiências anteriores. Não se trata de negar a devoção que se pode ter em relação a Maria como um ser exterior, como um ser do passado, mas é preciso descobrir a realidade do arquétipo em nós mesmos. Da mesma maneira que perguntávamos: "O que é a samaritana em mim?" e descobríamos as diferentes etapas do nosso desejo. Da mesma maneira como perguntávamos: "O que é Maria Madalena em mim?" e desocbríamos as etqpas de uma longa e profunda iniciação. Agora podemos perguntar que realidade é a Virgem Maria em mim.

A Virgem Maria

Inicialmente, o que quer dizer a palavra Virgem? O que é a virgindade, na tradição antiga e na interpretação dos Terapeutas?
A virgindade é um estado de silêncio, é um estado de pureza e inocência. Não é simplesmente algo físico - esta é uma interpretação mais grosseira. Para os Antigos, o importante era a interpretação espiritual e é assim que Orígenes e depois o Mestre Eckart dirão que é preciso ser virgem para se tornar mãe. O que quer dizer isto? Quer dizer que é preciso entrar num estado de silêncio, num estado de vacuidade, de total receptividade, para que o Logos possa ser gerado em nós. Quando se diz que Maria é virgem e mãe, quer-se dizer que é no silêncio do corpo, no silêncio do coração, no silêncio do Espírito que o Logos pode ser gerado.

É assim que se fala de uma Imaculada Conceição. O Verbo é concebido no que há de mais imaculado em nós, no que há de mais completamente silencioso.

Este é um tema que encontramos em outras religições. Na tradição do Islã fala-se da imaculada conceição do Alcorão, dizendo que Maomé tinha o espírito virgem. A tradição diz que ele era analfabeto e foi nesta virgindade de sua inteligência que o Alcorão foi escrito. Os muçulmanos falam da imaculada conceição do Alcorão. O Logos torna-se um livro, mas não se torna um homem. Encontramos este tema da imaculada conceição no Budismo, quando seus adeptos dizem que foi no silêncio e na vacuidade que foi gerado o espirito desperto.

Podemos ajuntar, em nós este aspecto do imaculado? Há em nós um lugar totalmente silencioso? Isto suporia que houvesse no corpo humano um lugar onde não existisse memória. De um ponto de vista genético esta questão é muito interessante, porque se trata de ir a este lugar dentro de nós mesmos, de onde nasce a vida.

Quando se diz que a vida nasce do nada, o que quer dizer este nada? Então nós nos aproximamos da experiência do arquétipo de Maria em nós mesmos. Mas vejam bem: não se pode aproximar esta realidade com palavras, com referências normais, porque aqui nós estamos numa transição entre o tempo e o não-tempo. Em tibetano é o que se chama Bardo, que é este estado entre duas consciências, entre o criado e o incriado.

É preciso encontrar, entre nós emsmos, este lugar por onde entra a vida, este lugar por onde entra aconsciência, este lugar por onde entra o amor. É uma experiência de silêncio, uma experiência de vacuidade, alguma coisa de mais profundo, de mais profundo do que aquilo que se chama o pecado original. Charles Peguy dizia que Maria é mais jovem que o pecado. O que quer dizer isto?Isto quer dizer que existe em nós alguma coisa de mais jovem e de mais profundo que a recusa do ser, que o esquecimento do ser.

O que chamamos de pecado original é a perda do Espírito Santo. É a perda da relação de intimidade com a fonte do nosso Ser e que Jesus chama Pai. Eu creio que se falou demais sobre o pecado original e muito pouco sobre a bem-aventurança original. A bem-aventurança original vem antes do pecado original. Assim, os Antigos viam em Maria um arquétipo da bem-aventurança original, antes que ela fosse destruída no esquecimento do Ser ou na recusa do Ser. É este local de nós mesmos que está sempre na bem-aventurança. É este local de nós mesmos que está sempre na confiança.

A questão que temos que colocar é: Existe em nós uma realidade mais profunda que a nossa recusa mais profunda que nosssos medos? É preciso encontrar a confiança original. Maria é o estado de confiança original Algumas vezes ocorreu em nós, de conhecermos algo deste estado. Quando nós não projetamos mais sobre a realidade nenhuma memória; quando nós fazemos confiança Àquele que É.

Assim, para os Antigos, Maria é o sim original. E este sim é mais profundo que todos os nossos nãos . Trata-se de reencontrar em nós mesmos aquilo que diz sim à vida, quaisquer que sejam as formas que esta vida tomar. E vocês sabem bem que não é fácil reencontrar esta confiança. Não é fácil reencontrar este sim. Na maior parte do tempo estamos na desconfiança, no temor, e nós temos boas razões para temer e para ter medo. Quer dizer que temos muitas memórias que nos fazem medo, que nos fazem temer aquilo que a vida vai nos dar para viver. Temos então que passar por um estado de silêncio de nossas memórias, de silêncio de nossa mente, para encontrar esta confiança original. Esta atitude era o que Krishnamurti chamava de a inocência original. Trata-se agora de interrogar o Evangelho e de ver como este estado de sim, como este estado de confiança original, se encarna na vida conctreta de Maria.

Antes disso, porém, pensaremos em Maria não somente como uma personagem exterior mas como uma realidade interiror. Como um arquétipo desta vacuidade, desta abertura à presença do que vive é geraddo nela minuto após minuto. E o caminho da Maria na história pode, talvez, ajudar-nos a compreender nosso próprio caminho. Pode ajudar-nos, sobretudo, a compreender a que ponto nós estamos atulhados de memória. A que ponto é difícil para nós dizer sim e ter confiança. Nós podemos rezar à Virgem Maria na história, para que possamos reencontrar esta qualidade de confiança.





Imagem: "Madonna e o Menino" - Masaccio Pintor do período do "Quattrocento" do renascimento italiano (1401-1428)