Currículo

sábado, 15 de dezembro de 2007

Antônio Ramos Rosa







Um ponto -



talvez um centro

em permanência de tranquilidade

para a noite inteira.

Um ponto

extremo interno. Um pequeníssimo ponto

invulnerável

de estabilidade total- nascido como? - fruto do espaço limpo,de aberta aderência livre, desocupada,do descanso de ser até ao fundo simples,de completa entrega?

Um ponto nu inabitado branco

de intocável serenidade,fixo como um nervo e imponderável,de fim inicial,ponto de respiração,clareira de estar,abertura central viva,praia de ser e nada-

mas apenas um ponto, um puro ponto

contra a noite inteira,contra o frio,contra a destruição.
Ponto de união

de paz coextensa à noite,opaco e diáfano nóde desenlace perfeito.
Nó de água da água mais nua.Ninho interno do espaço.Pequena lua essencialnum horizonte de segura paz.
Ponto, em ti descanso,certeza do mundo e de mim

em ti, dentro da noite,atinjo o equilíbrio actual e puro.Ponto, antes do início,de ti a ti, em mim,pulsação lisa e leve,suave motor da terra,a pacífica respiração do óasis.
Ponto

de universo fixado

onde atingi a consistência dócil

de permanecer entregue,plenitude,plenitude abrigada

na navegação nocturna.
Um ponto vazio,plenamente vazio.
(A Pedra Nua, 1972)
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mais poemas dele em http://nescritas.nletras.com/arrosa/

Imagem: "Sacerdotisa" Arte digital - sandra Honors

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